Jornadas inspiradoras

Siga as histórias de acadêmicos e suas expedições de pesquisa

Sábado Santo

Eder Sacia-Me

31/03/2024

Sábado Santo

Sábado de Aleluia



NO SÁBADO SANTO honra-se a sepultura de Jesus Cristo e sua descida à mansão dos mortos; depois do sinal do Glória, começa-se a honrar sua gloriosa Ressurreição...


    A noite do Sábado Santo, denominada também Vigília Pascal, é especialíssima e solene. A Vigília Pascal era antigamente celebrada à meia-noite, depois mudada, infelizmente, por questões práticas. Ela não pode, entretanto,  começar antes do início da noite, e deve terminar antes da aurora do domingo. – É considerada "a mãe de todas as santas vigílias", pois nesta a Igreja mantém-se de vigia à espera da Ressurreição do Senhor, a consumação de toda a nossa fé, e celebra-a com os Sacramentos da Iniciação cristã.


    Esta noite é "uma vigília em honra do Senhor" (Ex 12,42). Assim ouvindo a advertência de Nosso Senhor no Evangelho (Lc 12, 35), aguardamos o retorno do Cristo, tendo nas mãos velas acesas, para que ao voltar nos encontre vigilantes e nos faça sentar à sua Mesa.


    A vigília desta noite é dividida do seguinte modo:


    1) A Celebração da Luz;


    2) A meditação sobre as maravilhas que Deus realizou desde o início pelo seu povo, que confiou em sua Palavra e em sua Promessa;


    3) O nascimento espiritual de novos filhos de Deus através do Sacramento do Batismo;


    4) E por fim a tão esperada Comunhão Pascal, na qual rendemos ação de graças à Nosso Senhor por sua Gloriosa Ressurreição, na esperança de que possamos também nós ressurgir como Ele para a vida eterna.




Benção do Lume Novo


As luzes da igreja estão todas apagadas. Do lado de fora está um fogareiro preparado pelo sacristão antes do início das funções, com a faísca tirada de uma pedra. Então o celebrante abençoa o fogo e o turiferário recolhe algumas brasas bentas e as coloca no turíbulo. A pedra representa Cristo, "a pedra angular" que, sob os golpes da cruz, jorrou sobre nós o Espírito Santo.


    O fogo novo, representativo da Ressurreição de Nosso Senhor, luz Divina apagada por três dias, que há de aparecer ao pé do túmulo de Cristo, que se imagina exterior ao recinto da igreja, e resplandecerá no Dia da Ressurreição. Deve ser novo este fogo, porque Nosso Senhor, simbolizado por ele, acaba de sair do túmulo.


    Essa cerimônia era já conhecida nos primeiros séculos da cristandade. Tem sua origem no costume romano de iluminar a noite com muitas lâmpadas. Essas lâmpadas passam a ser símbolo do Senhor Ressuscitado, que surge de dentro da noite da morte.



A procissão com o Círio Pascal


Após a cerimônia de preparação do Círio Pascal, é ele solenemente introduzido no templo por um diácono que, por três vezes, ao longo do cortejo pela nave central, canta elevando sucessivamente o tom: "Eis a luz de Cristo" (Lumen Christi). O coro responde: "Graças a Deus" (Deo Gratias). Em cada parada vão se acendendo aos poucos as velas: na primeira vez é acesa a vela do celebrante; na segunda parada, feita no meio do corredor central, são acesas as velas dos clérigos; na terceira vez, por fim, se acendem as velas dos assistentes, que comunicam as chamas do Círio bento até toda a igreja estar iluminada.


    As velas são acesas no Círio Pascal, pois nossa luz vem de Cristo. O diácono, que vem vindo, é, portanto, mensageiro e arauto da boa nova: anuncia ao povo a Ressurreição de Cristo, como outrora o Anjo às santas mulheres.


    As palavras Lumen Christi significam que Jesus Cristo é a única Luz do mundo.


    A procissão, que se forma atrás do Círio Pascal, é repleta de símbolos. É alusão às palavras de Nosso Senhor: "Eu Sou a Luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a Luz da Vida" (Jo 8,12; Jo 9,5; 12,46). O Círio, conduzido à frente, recorda a coluna de fogo pela qual Deus precedia na escuridão da noite ao povo de Israel ao sair da escravidão do Egito e lhe mostrava o caminho (Ex 13, 21). – O cristão é aquele que, para iluminar, se deixa consumir na Luz maior, e que em sua luz acende outras, dando sua própria vida, como ensinou e fez Nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 15,13).




O Precônio Pascal


Ao término da procissão, na qual se introduz o Círio no Templo, ele é colocado em local apropriado. Com a vela acesa na mão, renovamos nossa fé, proclamando Jesus Cristo, Luz do mundo que ressurgiu das trevas para iluminar nosso caminho. E lembramos que por vocação todo cristão é chamado a ser também luz, como Ele mesmo nos diz: "Vós sois a luz do mundo. Que, portanto, brilhe vossa luz diante dos homens, para que as pessoas vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus!" (Mt 5,14.16).


    O diácono, após incensar o Círio e o Livro, canta o Precônio Pascal, do latim Praeconium Pascale, que significa Anunciação da Páscoa (vídeo acima), em que se exaltam os benefícios da Redenção e que é um belo poema, a partir da vela, sobre o trabalho das abelhas e o material para a sua confecção, o significado da luz ao longo da história de Israel e, de modo especial, sobre Jesus, a Luz do mundo. As magníficas palavras deste hino são atribuídas a Santo Ambrósio e a Santo Agostinho. É esse canto o antigo Lucernário da Vigília Pascal. O nome Lucernário foi dado às orações que se diziam na reunião litúrgica ao acenderem-se as luzes ao anoitecer (veja letra e tradução aqui).


    Arderá daí em diante o Círio Pascal, em todas as funções, durante quarenta dias, recordando a permanência na Terra de Cristo ressuscitado. Retirar-se-á no dia da Ascensão, isto é, no momento em que Jesus Cristo ressuscitado sobe ao Céu.



0 Comentários

Deixe seu comentário